O que é “super quarta”? E como isso afeta a economia?

Você deve ter notado nas notícias que a economia brasileira tem aumentado acima do esperado a despeito da elevada taxa básica de juros. Nos Estados Unidos, os últimos dados finalmente sugerem desaceleração da atividade econômica e alguma perda de ritmo do mercado de trabalho, no entanto, os riscos inflacionários no radar devem impedir que o Fed realize um novo corte de juros na reunião deste mês.

Nesses países (Brasil e EUA), é comum que órgãos responsáveis pelas decisões monetárias se reúnam para definir os rumos da economia, essas decisões que impactam a sociedade são tomadas em reuniões e uma das mais importantes é a super quarta. Mas afinal você sabe o que é?

Neste artigo você vai entender mais sobre um tema acompanhado com atenção pelos investidores e que impacta a vida de milhares de pessoas, confira!

O que é a super quarta?
A “super quarta” é o nome utilizado quando Bacen e o Fed divulgam as taxas de juros de Brasil e Estados Unidos no mesmo dia, em uma quarta-feira. Em diversos momentos, os eventos do Brasil e EUA coincidiram, reforçando a origem da expressão.

As decisões tomadas nestes encontros no Brasil são de responsabilidade do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil e nos EUA do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve. Essas decisões impactam a economia de ambos países, já que implicam em decisões de política monetária.

Super quarta no Brasil
No Brasil, o Copom deve anunciar um aumento da taxa Selic a 13,25%, movimento que já havia sido “contratado” na última reunião, em dezembro de 2024. O Copom também antecipou um ajuste de mesma magnitude (1,0%) na reunião marcada para o mês de março.

O anúncio deve ser recebido sem surpresa por parte do mercado, já que membros do Copom e o próprio presidente da instituição já haviam contratado a elevação em dezembro. Os últimos meses foram marcados por intensa volatilidade no mercado de câmbio, desancoragem das expectativas e dados ambíguos de inflação, o que deve motivar essa postura conservadora do Copom.

Como os riscos de mais desancoragem das expectativas não estão totalmente descartados, o Banco Central do Brasil deve elevar a taxa básica de juros, conhecida como Selic, nas próximas reuniões do Copom.

Em setembro de 2024, o Copom retomou o ciclo de altas da Selic, colocando a taxa de juros brasileira como uma das mais elevadas dentre todas as economias do mundo.

De lá para cá, a taxa Selic saltou de 10,50% para 13,75% ao ano. A decisão da reunião de dezembro convergiu com as projeções do mercado para reunião do Copom que indicavam que o Banco Central aumentaria a taxa de juros para 12,25%.

Para os especialistas, o Copom deve “garantir” um novo aumento de 1% na reunião marcada para o mês de março.

Quando é a próxima Super Quarta?
A próxima super quarta será dia 19 de março de 2025.

Próximas Super Quartas
Em 2025, teremos 7 “super quartas”:

29 de janeiro
19 de março
7 de maio
18 de junho
30 de julho
17 de setembro
10 de dezembro

Próxima reunião do Fed 2025
A próxima reunião de política monetária do Fed acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro. Vale ressaltar que o anúncio da nova taxa dos juros americanos impacta não apenas os cidadãos que vivem no país, mas também os investidores mundiais atentos às recentes mudanças econômicas.

Próximas reuniões do Fed
18 e 19 de março de 2025;
06 e 07 de maio de 2025.


Super quarta no mundo
O Fed deve manter a taxa básica de juros em 4,50%. Essa manutenção é amplamente aguardada pelo mercado, que anseia por um Fed muito mais conservador ao longo de 2025.

A manutenção da taxa de juros nos EUA inevitavelmente causa impactos globais e afeta a economia brasileira com as oscilações no câmbio e nos custos das ações negociadas na Bolsa de Valores. Teoricamente, a manutenção dos juros pelo Fed pode favorecer o dólar ao longo das próximas semanas.

O Federal Reserve (Fed) atua como uma espécie de Banco Central global, e acaba influenciando as decisões dos demais bancos centrais ao redor do planeta. Portanto, apesar da manutenção da taxa básica de juros em território norte-americano, o Copom deve continuar a subir a Selic até que a taxa alcance cerca de 15% ao ano.

No Brasil, o Copom deve anunciar um aumento da Selic e a expectativa é de que a Selic suba também nas próximas decisões de 2025. Nos EUA, os juros devem ser mantidos no corredor de 4,50% e 4,25% ao ano, e como existem riscos inflacionários relevantes no radar, o FOMC deve optar por uma postura muito mais cautelosa ao longo de 2025, realizando cortes mais brandos e pontuais na taxa básica de juros dos Estados Unidos.

Assim como no Brasil, o desafio do Fed é tentar controlar a inflação, que afeta o poder de compra de milhões de pessoas e consequentemente diversos setores da economia. No entanto, nos EUA o Fed tem um mandato duplo, o que o obriga a zelar também pelo nível de atividade econômica.

Como os EUA são um dos principais mercados do mundo e controla a moeda que é referência para a realização de transações globais, as ações do Fed trazem impactos que não ficam restritos apenas à economia norte-americana, mas a todos os demais países.

O que esperar do Fed?
Os riscos inflacionários oriundos de uma política fiscal mais ativa sob o novo governo americano devem fazer com que o Fed opte por uma postura mais conservadora (manutenção dos juros) até que os esses riscos diminuam ao longo de 2025. O tom cauteloso do Fed expressa a preocupação da autoridade monetária norte-americana com o nível de preços e de atividade econômica, ambas ainda acima do nível desejado pelo Banco Central dos Estados Unidos.

Apesar do sobreaquecimento da economia americana, a desaceleração do mercado de trabalho registrada ao longo dos últimos meses abriu caminho para que a autoridade monetária local continue cortando os juros, no entanto, a volatilidade prometida para 2025 deve deixar o Fed inerte no que diz respeito à taxa de juros.

Reunião do Banco Central Europeu e os impactos econômicos
Embora haja sinais claros de que a economia da Zona do Euro caminha para a estagnação e de que a inflação segue convergindo para níveis mais baixos, não há garantias de que o Banco Central Europeu (BCE) adotará uma postura significativamente mais dovish ao longo de 2025.

A desaceleração econômica combinada com a queda gradual da inflação em direção à meta do BCE poderia justificar um novo corte nas taxas de juros. No entanto, os riscos relacionados à taxa de câmbio podem levar a autoridade monetária a adotar uma abordagem mais cautelosa.

Com grande parte do mercado projetando uma postura mais conservadora do Federal Reserve em 2025, o BCE pode ser forçado a seguir na mesma direção. Caso contrário, o aumento acentuado do diferencial de juros entre Europa e Estados Unidos pode pressionar ainda mais a moeda europeia, gerando desafios adicionais para a economia da região.

Cenário econômico mundial, o que esperar?
A economia americana segue resiliente, o que leva à expectativa de que o Federal Reserve (Fed) mantenha as taxas de juros inalteradas. Essa decisão também é influenciada pelas incertezas em torno da política econômica de Donald Trump, que trazem cautela ao cenário econômico. Na Europa, apesar da frágil situação econômica da zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) deve optar pela manutenção das taxas de juros. Essa estratégia busca evitar um aumento no diferencial de juros em relação aos Estados Unidos, que poderia intensificar a saída de capitais do bloco.

Na China, embora o Banco Popular da China tenha adotado medidas significativas em 2024, a atividade econômica mostrou uma recuperação moderada. Ainda assim, a meta anual de crescimento de 5% foi alcançada. Para 2025, espera-se uma redução gradual nas taxas de juros, acompanhando de perto o cenário econômico global, especialmente a condução da política monetária americana.