Na última segunda-feira, 28 de abril, um grande apagão deixou diversas regiões de Portugal e da Espanha sem energia elétrica e serviços de telecomunicação. A falha, que começou por volta das 11h30 (horário de Lisboa), causou impacto direto em sistemas de transporte, hospitais, redes móveis e aeroportos, mergulhando os dois países em um cenário de caos e incerteza.
Aeroportos foram especialmente afetados. Em Lisboa, as operações foram totalmente suspensas por volta das 13h. No Porto e em Faro, as atividades seguiram com auxílio de geradores. Na Espanha, cidades como Madrid e Barcelona também registraram interrupções em seus aeroportos.
Embora ainda não se saiba oficialmente a origem do problema, o episódio levanta discussões sobre a vulnerabilidade das infraestruturas críticas em tempos de hiperconectividade. Para Alexander Coelho, sócio do Godke Advogados e especialista em cibersegurança, o apagão é um sinal de alerta urgente.
“O que o apagão evidencia é a importância da cibersegurança como um direito fundamental. Em Portugal, essa proteção já está garantida na Constituição, o que obriga o Estado a agir de forma proativa na prevenção e resposta a ameaças digitais”, afirma o advogado.
Coelho destaca que omissões nesse campo não são mais apenas falhas administrativas, mas verdadeiras violações de direitos essenciais dos cidadãos. E reforça: a questão não se limita a um único país.
“Infraestruturas críticas são cada vez mais interligadas em escala internacional. Por isso, é essencial que a cooperação entre países — tanto no nível técnico quanto institucional — se torne mais ágil, inteligente e baseada em confiança mútua”, defende.
Segundo ele, a colaboração entre autoridades públicas, operadores privados e equipes de resposta a incidentes (os chamados CSIRTs) precisa evoluir. Mais do que formalidades, essas parcerias devem ser orgânicas e funcionais para garantir a resiliência de serviços essenciais diante de ameaças que podem ter impactos globais.